'Banheiro descartável' custa alguns centavos e pode ajudar na agricultura.
Gente, vejam esta auspiciosa notícia na página abaixo do AmbienteBrasil. (*) Trata-se da invenção de um “iluminado”, que criou um saco de lixo para fezes humanas que, além de biodregadável, contém um produto que ajuda a “esterilizar” o conteúdo, de modo que, enterrado por uns dias, possa virar adubo depois. Claro que é para comunidades carentes, onde não existem banheiros convencionais, e muito menos, redes de esgotos.
Sabemos que o destino dos esgotos é problemático nos seguintes casos:
a) comunidades periféricas e que vivem no nível de pobreza extrema;
b) casas construídas sobre palafitas, como no Recife e na Amazônia;
c) nas favelas verticais densas e naquelas com encostas escorregadias;
d) nas habitações construídas nos leitos dos córregos urbanos; e
e) na zona rural brasileira (e de outros países em desenvolvimento).
No mundo em desenvolvimento, calcula-se que 2,6 bilhões de pessoas, ou cerca de 40% da população mundial, não tenham acesso a banheiros, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
E a questão do lixo:
BANHEIRO SECO COMPOSTAVEL
A solução do saquinho individual é prática, mas trabalhosa. Para atender a toda a família, existe o banheiro seco compostável, que é uma boa alternativa nas pequenas comunidades, onde não há rede coletora de esgotos, principalmente em áreas rurais, devido à não utilização da água. Aquele “uso extra” do Peepoo, de servir como matéria-prima para adubo, continúa.
Trata-se de um banheiro rústico onde, após o uso, mistura-se serragem (pó de madeira) às fezes para que, depois de algum tempo, esse material vire composto, ou seja, adubo. Eu vi um banheiro desses, anos atrás, numa favela de Niterói-RJ, numa casa-piloto adaptada por um Professor (de origem alemã) da Universidade Federal Fluminense. Nesta, em vez de serragem, ele aconselhava misturar o lixo orgânico da própria família.
DETALHES CONSTRUTIVOS
Dois desses banheiros foram testados em São Paulo, nas cidades de Piracicaba e Botucatu e documentados no trabalho aí de baixo da Tecnóloga em Saneamento Ambiental Maria Cristina e, entre os detalhes construtivos, eu destaco quatro:
a) as fezes devem cair numa rampa inclinada a 45 graus, para que se mova;
b) a cada uso, mistura-se serragem para facilitar a compostagem;
c) a tampa da composteira deve ser pintada de preto para reter calor; e
d) um assento lateral deve fazer rodízio, para dar tempo para a formação do composto.
CUIDADOS NA COMPOSTAGEM
Quase todo mundo pratica a compostagem caseira, como se mistura café com o leite para o desjejum. Acontece que, por trás do processo aparentemente simples, está envolvido todo um conjunto de fenômenos físico-químico-biológicos, dos quais nem nos damos conta que estão se desenvolvendo naquela massa fétida.
Eis alguns deles:
1 – Temperatura ideal da massa de resíduos: 55 a 65oC; mata os germes.
2 – Umidade dessa mesma matéria-prima: 60%; facilita reações químicas.
3 – Relação Carbono/Nitrogênio: C/N = 30:1 (ao final, 10:1).
4 – Volume da leira ou depósito da massa: 1 m3 (igual ou maior).
5 – Primeira e última camada formada por capim, palha ou serragem.
FONTE: Banheiro seco compostável: vantagens e aplicações, Maria Cristina de Sá e auxiliares, Unicamp-SP, Anais do 25o. Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental (20 a 25 de setembro de 2009), Recife-PE.
Quem quiser conhecer exemplos de sanitários secos construídos no Brasil onde pode encontrar?
A técnica já é utilizada em diversas comunidades. Para quem tem interesse em conhecê-la, vale visitar o IPEC, em Pirenópolis; o Instituto de Certificação Florestal da Amazônia (IMAFLORA), em Piracicaba (SP); o Sítio Beira Serra, em Botucatu (SP), e alguns trabalhos de organizações não governamentais em comunidades ribeirinhas de baixa renda em Boa Vista do Ramos (AM).
